Saudades, saudades... Saudades da minha infância, daquele tempo em que eu pudia fazer tudo o que queria, que eu pudia brincar na rua como um garoto, que eu chegava em casa todos os dias com um machucado novo. Saudades de uma época que nem me lembro direito, mas sei que tenho saudades. Queria poder lembrar de cada palavra dos meus bisavós, queria ter tido mais tempo com eles! Ouço histórias de que eles eram muito especiais e, realmente acredito que tenham sido! Ouço com atenção minha mãe dizer: o vô Amadeu adorava mostrar para os seus companheiros de ponto o quanto você era linda e te levava na Americanas toda vez que a gente ia lá vê-lo. Minha tia Karen diz que ele até comprava iogurte e paçoquinha pra mim, mesmo que eu fosse apenas um bebê. A minha maior saudade é do meu avô Kou, um homem honesto e tradicional. Tenho mais saudade dele porque, dos entes queridos que perdi, ele foi o que mais esteve presente na minha vida até agora. Lembro que naquela noite fria de 21 de julho senti um arrepio que não era do frio, recordei-me da imagem daquele homem sentado na poltrona. Minutos depois recebi a mais triste notícia até então. Não sabia o que fazer, uma dor imensa tomava conta de mim e eu só queria voltar para casa. No dia anterior alguns dos netos, inclusive eu, foram visitá-lo. A última coisa que eu ouvi do meu avô foi: 'Está na hora de dormir, é melhor irem dormir.". Durante vários dias continuei a imaginar que meu avô teria ido viajar e que logo estaria de volta, me pediria para aumentar o volume e diria para eu não andar hadashi, descalço em japonês. Pediria para eu fechar direito o portão para que o Pingo não saísse. Porém eu espero o término dessa viagem a três anos, sei que ele não volta mais, mas estará sempre aqui comigo! Apesar daquele jeitão bravo, ele era um amor de pessoa, um homem admirável!
Saudades, saudades, saudades, terei que conviver com essa para sempre!
sexta-feira, 4 de setembro de 2009
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